Allan Caldas

A minha história de vida fez com que eu me apaixonasse por Telecom

Quando eu tinha nove anos, eu tinha uma vontade muito forte de ser livre, de sair e voltar só quando eu sentisse vontade e sem avisar aos meus pais pra onde iria ou quando voltaria. Minha mãe era deficiente física e pra que eu não desse tanta dor de cabeça pra ela, decidiu-se que seria melhor se eu começasse a trabalhar.

Meu primeiro emprego foi entregando jornais em bancas. Na época eu morava em Copacabana, num apartamento que era da minha avó e que até hoje eu não sei como ela conseguiu comprar, já que ela vinha do campo e nós tínhamos muito pouco dinheiro. Minha rotina nesse emprego consistia de ir entregar os jornais à meia noite (Eu trabalhava de madrugada, para que os jornais já estivessem nas bancas pela manhã), de manhã, quando meu expediente acabava, eu voltava pra casa e ia pra escola. Ficava lá até o meio dia, e quando eu chegava da escola, eu dormia até às seis da tarde, já pra me arrumar e voltar ao trabalho.

Eu fiquei nesse emprego de entregador por apenas uns seis meses. Depois disso eu fui morar em São Gonçalo, mas passei a trabalhar em Santa Luzia. Em São Gonçalo eu trabalhei como atendente numa loja de ração e produtos agropecuários. Lá, além de atender os clientes, eu também vacinava os animais, especialmente cães e porcos.

Ainda falando de Santa Luzia, eu também trabalhei vendendo gibis. Um restaurante japonês que tinha acabado de ser reformado jogou fora um pedaço de carpete muito bonito. Eu usei o carpete como um expositor para os gibis que eu iria vender. Eu vendia os gibis com um amigo meu. Certo dia, uma senhora passou na nossa frente e ficou olhando, olhando… Eu perguntei se ela queria levar algum gibi e ela disse que não, mas que tinha se interessado, na verdade, pelo tal carpete! Claro que eu vendi ele na mesma hora.

Minha mãe sempre amou muito tecnologia. Ela sempre comprava, mesmo que com esforço, os novos aparelhos eletrônicos que lançavam. Claro que quando o computador se tornou algo mais acessível ao público ela resolveu comprar um também, mesmo que parcelado em 24 vezes.

Enfim, o computador foi comprado e nós pagamos para um conhecido nosso instalar.

Não demorou muito até que nós percebêssemos o quão difícil era usar um computador. A gente não sabia nem por onde começar! Foi quando minha mãe decidiu comprar um curso de computação em Copacabana. No dia ela se virou pra mim e disse “Eu comprei o curso pra mim, mas quem vai fazer é você! E depois você me ensina”. O
curso de MSDOS foi meu primeiro curso de informática.

Comecei a gostar cada vez mais de informática, e aos 14 anos uma pessoa mais velha me recomendou começar a dar aulas. “na minha época eu ensinava matemática”, ele disse “mas hoje o que está na moda são os computadores”. Segui os conselhos dele e passei a lecionar, cheguei até a fazer cartõezinhos e distribuir por ai. Continuei
dando aulas por muito mais tempo. A sensação que eu tenho é que nessa época eu mergulhei num computador e nunca mais saí de lá!

Por volta de 95 eu comecei a fazer cursos livres da faculdade Estácio. O primeiro foi um curso de programação em Clipper. Eu amei, mas ainda não tinha os fundamentos de programação.

A partir daí, em todas as férias eu me inscrevia em 3 ou 4 cursos. Vale lembrar que mesmo fazendo tantas coisas, eu ainda frequentava a escola. Nessa época eu tinha 14 anos e estava cursando o ensino médio.

Outro curso que eu fiz foi o de algoritmo estruturado. Esse foi um curso que abriu a minha mente porque esse ensinava de fato a programar, tanto é que todo programador precisa fazer algoritmo estruturado.

Também estudei linguagem C, CC+ e modelagem de dados, sendo que esse último foi muito importante e útil na minha vida. Em suma, eu estava, aos 14 anos, estudando matérias que caem em faculdades que pessoas de 20 anos pra cima estudam.

Vendo minha vocação e minha paixão por esse assunto, minha mãe me incentivou ainda mais e me colocou em cursos pagos de montagem e manutenção de computadores e de montagem e manutenção avançada.

Depois disso tudo, eu ainda fiz um curso de 9 meses de formação de
programadores, na Unitec. Vale lembrar que até agora, os cursos que eu fazia não duravam mais do que algumas semanas, esse era um curso longo e mais sério. Era um curso tão sério que ele prometia um emprego pra quem participasse até o final. Eu ganhei o emprego, de carteira assinada, para ser técnico em uma loja de computadores.

Eu sempre fui muito ansioso quando o assunto era ganhar dinheiro, e logo eu já consegui uma vaga ainda melhor de técnico na faculdade Facha. Como na época eu ainda era adolescente e não tinha a menor visão profissional, eu cheguei aos meus chefes de onde eu trabalhava e disse um “to metendo o pé!”. A dona na hora se desesperou, implorou pra que eu ficasse e até aumentou (e muito!) o meu salário. Com 16 anos eu estava ganhando 2 salários mínimos e ainda tive o dinheiro pra conseguir comprar uma scooter.

Em certo momento ocorreram alguns desentendimentos e eu saí da empresa. Fui trabalhar sozinho com TI. Como TI eu consegui diversos clientes, e como eu também era programador, eu convencia os clientes a criar sistemas, o que me fez desenvolver sistemas para várias empresas interessantes. Na época em que eu trabalhava para essas empresas, elas tinham uma grande necessidade de ter internet. Eu desenvolvi um sistema que consistia em um modem que conectava na linha discada e um computador com um servidor. O computador mandava e-mails para o servidor e o servidor tentava mandar os e-mails.

Tem, inclusive, uma história muito interessante de uma vez que eu instalei esse sistema em uma empresa e o dono se arrependia de ter escrito o e-mail e me mandava ir correndo desligar o computador com o servidor.

Quando eu terminei o ensino médio, eu fui fazer faculdade. Mas percebi que a faculdade não me daria tanto dinheiro e acabei trancando minha matrícula.

Um certo instinto meu de querer mudanças me fez entrar pra política na época do Fernando Henrique Cardoso. Eu entrei filiado ao PSDB, comecei a participar das reuniões e até me tornei presidente da juventude do PSDB.

Através disso eu fiz alguns cursos pela fundação Antônio Vilela, como por exemplo, um de história econômica do Brasil. Também fiz um curso de formação política no Laboratório de Aprendizagem política. Aprendi muito nesses cursos. Cheguei também a participar do IBPJ, fazendo um trabalho profissional de coordenador. A partir disso eu fiz eventos no estado inteiro do Rio de Janeiro.

Essas experiências com política me fizeram perceber que essa área não era pra mim e eu voltei a trabalhar com TI, coisa que faço até hoje e sou apaixonado nisso.

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